terça-feira, 15 de março de 2011

Uso de ciência no futebol – Estatística

Usar a estatística no futebol não é novidade, mas será que os treinadores e as equipes utilizam todo o potencial que essa ferramenta poderia trazer?

Sabemos que nosso treinador atual, René Simões, é um estudioso do esporte, e com certeza acompanha muitas novidades, como por exemplo o uso de um aparelho que compara o tônus muscular de cada perna do jogador. Com os exercícios adequados os jogadores equilibram a diferença encontrada, e diminuem os riscos de contusão.

Por outro lado, não conhecemos como nosso treinador utiliza uma das ferramentas mais importantes no esporte, a estatística. Assim, hoje escrevo sobre a utilização da estatística no futebol, com o objetivo de informar os torcedores de quão importante é acompanhar o desenvolvimento da ciência do esporte, e, caso nosso Dragão não utilize tudo que for citado, fica a sugestão a nosso melhor treinador dos últimos tempos.

 A estatística geralmente utilizada no futebol, principalmente pela imprensa, é composta de fatos históricos, como jogos realizados, número de vitórias, gols marcados na carreira de um jogador, entre outros  números. Estes dados não servem muito para descrever a situação atual das equipes e dos jogadores, pois refletem outras equipes e momentos diferente das carreiras dos jogadores. Alguns treinadores já utilizam dados como passes errados dos jogadores adversários, jogadas mais frequentes da equipe adversária, perna mais eficiente, maneira de bater penalti, visando definir estratégias para melhor defender e atacar a equipe. Entretanto, estes dados normalmente são subjetivos a partir da observação de uma pessoa da comissão técnica. Por outro lado, possuir números é fundamental, pois com eles podemos ter a proporção dos erros e acertos, tanto de nosso time, quanto dos adversários. Assim, seria necessário uma equipe de anotadores de dados de cada partida, permitindo corrigir nossos erros, mas também defender melhor a equipe. Com uma base estatística verdadeira, poderíamos ter as seguintes informações: Nos últimos 10 jogos a equipe adversária atacou X vezes pelo lado direito, e Y vezes pelo lado esquerdo. Nos últimos 100 chutes do atacante adversário, (ou do nosso time) X, foram em direção ao gol, ou Y foram com a perna direita e K foram com a esquerda.

Até mesmo estas análises são mais comuns no futebol, mas já existem análises mais sofisticadas, que auxiliam a responder questões mais complexas de maneira menos subjetivas, como por exemplo: Será que o jogador mais caro é aquele que mais auxilia na vitória do time? Pensando nestes problemas, pesquisadores da Northwestem University, Illinois, EUA desenvolveram programas de computadores que avaliam o desempenho individual dos jogadores em uma atividade em equipe. O principal foco da pesquisa foi o futebol, pois outros esportes de pontos mais elevados (volei e basquete) a medida da eficiência de cada jogador é mais fácil de avaliar (contando bloqueios, ataques, defesas de sucesso e insucesso no volei, por exemplo – Normalmente as equipes do Bernardinho vão bem, justamente porque ele usa as estatísticas dos jogos para treinar mais certo fundamento ou prever as jogadas do time adversário, aumentando a chance de defesa).  Ao contrário do volei, o futebol tem baixos 'pontos' (possui até partidas sem 'pontos' - 0x0) e o fluxo da bola em campo é muito complexo, dificultando esta análise, então os pesquisadores citados mediram a eficiência do passe e do chute ao gol de cada jogador, sendo que foi montada uma rede do “fluxo da bola”, onde que a eficiência do passe determinava a cor do jogador na rede, a espessura da ligação entre dois jogadores determina a eficiência do passe entre os dois jogadores e o tamanho do círculo determina a eficiência de cada jogador (um exemplo pode ser visto no desenho abaixo, onde estão representados os desempenhos da Espanha contra três adversários na Eurocopa 2008). Considerando a eficiência de cada jogador nesses atributos, define-se a eficiência do time. Os pesquisadores testaram os modelos criados com as análises subjetivas dos jogos realizados na Copa Euro 2008, e encontrou uma grande correspondência. Adicionalmente, esta análise permite verificar qual foi o principal jogador destas conexões.

Na figura abaixo, demonstramos a rede de fluxo da bola para os jogos da espanha contra três adversários na Eurocopa, onde verificamos a maior eficiência dos jogadores daquela seleção.  Obviamente, ter um time mais eficiente não determina a vitória, porque muitas vezes um time fica fechado atrás e em único contra-ataque faz um gol e vence a partida, mas estes dados permitem avaliar cada jogador, tanto adversário, quanto do nosso time, o que nos leva a pensar melhor na estratégia para o jogo (Por exemplo, marcar mais de perto o jogador tal, que normalmente passa para fulano). O artigo que explica melhor a analise está no link abaixo.



Outro índice criado foi o da Castrol (Castrol index) que avalia regularmente os jogadores das ligas européias, e,  além dos atributos passe e chute ao gol, utilizados na metodologia anterior, outras métricas são utilizadas como roubadas de bola, defesas, gols feitos, entre outras. Adicionalmente, este índice da Castrol dá maior peso a passes precisos mais próximo da área, assim o campo é dividido em zonas de peso, conforme pode ser visto no link abaixo. De acordo com o passe de sucesso ou insucesso o jogador recebe uma pontuação positiva ou negativa, e o valor dessa pontuação varia com a posição do jogador no campo. Se a ação favorece mais o ataque, a pontuação é maior, se prejudica mais a defesa o peso do ponto negativo é maior. O Programa calcula ainda a distânica percorrida por cada atleta e a velocidade. Este índice foi utilizado pela primeira vez na Copa do Mundo da África do Sul, e avaliou os jogadores durante toda a copa, elegendo o lateral Sérgio Ramos da Espanha como o mais eficiente entre todos os jogadores. Atualmente, no rank das ligas européias, Messi do Barcelona é o mais eficiente, seguido não muito de perto por Cristiano Ronaldo, do Real Madri. O melhor brasileiro é Luís Fabiano, em 11º lugar;


Sei que conseguir estes programas e/ou contratar funcionários para anotar as estatístiscas dos jogos do Dragão e de nossos adversários não é tão barato, mas a relação do custo benefício pode ser vantajosa, dado que o salário de um jogador atualmente no Dragão pode passar de R$ 600.000,00 por ano, e nosso orçamento previsto para 2011 é de R$ 24.000.000,00, segundo nosso presidente. Quem sabe uma parceria com a Castrol, em troca das análises ou programas permitiria o Dragão ser pioneiro em análises mais sofisticadas, se é que já não somos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário