sábado, 9 de abril de 2011

Paixão Pelo Atlético GO

Por Leo Caetano

Como se explica uma paixão tão grande? É possível explicar? Vamos tentar. Meu avô mudou-se para o setor coimbra na década de 50 e pegou a fase de ouro do Dragão. Ele ensinou meu pai a torcer para o Atlético. Diferentemente, eu peguei uma fase do Dragão com vacas magras (antes de subir e ficar pra sempre na árvore). Nasci em 1981, e só me lembro de dois títulos na minha infância. Em 1985, tinha 4 anos e não lembro de nada. Meu pai conta que me levava carregando nas costas para o estádio Antônio Accioly, começando a despertar em mim essa paixão. Mas em 1988 eu tinha 7 anos, me lembro de jogar “cu de boi” e “rebatida” e ser o Goleiro Leonetti. Me lembro de ouvir o último jogo pelo rádio e sair gritando no quintal de casa, já na rua José Hermano, em Campinas. Me lembro de assistir a final do campeonato brasileiro de 1990, contra o América MG, no Serra Dourada, ver os penaltis e ver o Dragão primeiro time goiano Campeão Brasileiro. Quando criança meu pai  me contava que ele fez minha vó costurar a maior faixa da época para o Atlético. Ele me dizia que as vezes, quando jovem e sem dinheiro, pulou o muro do Accioly para ver seu time do coração. E nessa época eu vivia a expectativa de ir ao jogo e chupar picolés! Eu adorava xingar o juiz, única hora que me era permitido falar palavrões na frente de meu pai.

Depois de 1990 o Atlético passou por um longo período sem títulos. Sofri com os vice-campeonatos de 1991 e 1996 e, vendo o time se afundar em dívidas e tentar vender seu estádio, sofremos com a queda para a segunda divisão em 2003. O time se afundava e não conseguiu subir em 2004. Mesmo assim, eu continuava Atleticano, não ia em todos os jogos, mas fui em alguns, ainda na segunda divisão. Eu era motivo de chacota em todos os lugares. Na escola, um dos únicos atleticanos da minha idade. Na faculdade, apenas um professor (famoso professor Heleno da Biologia) e eu. Mesmo assim, eu torcia e sofria com minha paixão, assim como tantos outros torcedores que não viam seu time campeão. Nessa época, crianças com 12 e 13 anos não queriam torcer para o Dragão. Mas então, veio o ressurgimento em 2005. Graças aos diretores apaixonados, organizaram o Atlético, pagaram as dívidas e formaram times baratos. Hoje estamos por cima de novo. Líder isolado, atual campeão goiano, único time na série A. Por conta disso, novos atleticanos surgem. O estádio começa a se encher de crianças, mulheres e jovens, e cada vez mais e mais se apaixonam pelo Dragão.

Se fôssemos racionais, por que torcer para um time que não representa mais a Campininha das Flores, como foram os time de 1955 e 1957, campeões goianos invicto? Por que deixar de sair, ficar com a família, ou trabalhar, para ver o máximo de jogos do Dragão no estádio? Por que correr o risco de apanhar dos idiotas brutamontes dos outros times? Por que participar desse circo, usado várias vezes pelos governantes para que o povo esqueça de seus problemas?

Mas não somos racionais e sim passionais. Tudo isso, ‘culpa’ de meu avô que se mudou para Goiânia e se apaixonou pelo Dragão. Ele transmitiu isso para meu pai, que me “condicionou” me carregando em seus ombros para o Accioly. Assim, indo ao estádio desde criança, me transformei em Atleticano apaixonado. Eu já fui Leonetti no gol, Valdeir, Júlio César, Gilson Batata e até Romerito. Ser atleticano é sofrer, cair e levantar. Ser Atleticano é ressurgir das cinzas. Ser atleticano é ser o único que vai ver jogos aos domingos (heheheh). Mas, o que nos leva a tatuar o time no braço? Gritar com o juiz? Falar mal da diretoria? Perder o bom humor durante a semana porque perdemos ou tornar a semana mais alegre quando ganhamos? O que nos leva a viajar pelo Brasil com o time e gastar fortunas com uniformes, faixas, bandeiras? O que nos leva ficar na expectativa antes de uma grande decisão ou grande jogo? Ser racional é muito sem graça, seja também um atleticano apaixonado, porque  paixão não se explica!!!



P.s. Torcedores que quiserem contar suas histórias, fiquem a vontade de participar do Fala Galera, coluna da Hellen Amaral, através do e-mail butecododragao@gmail.com.br

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